quarta-feira, 2 de abril de 2014

Chinatown

Como qualquer grande metrópole que se preze, Sydney também tem a sua Chinatown, a maior do país. Movida pela curiosidade, fui à descoberta dos sabores e dos cheiros, da arquitectura e da arte, dos lugares e dos monumentos da comunidade chinesa. 
Depois de ter surgido, no final do século XIX, na área The Rocks e da passagem por Darling Harbour, a Chinatown instalou-se nos anos 20 em Haymarket, onde permanece até aos dias de hoje. Como não podia deixar de ser, o comércio é a principal actividade e não é por acaso que o Paddy's Markets, mesmo do outro lado da rua, é a casa de muitos comerciantes chineses.  

Market City - Paddy's Markets

Dixon Street é o coração, o centro deste pequeno mundo chinês. A rua pedonal, cheia de restaurantes e pequenas lojas típicas, tem em cada ponta um arco tradicional (1980). Assim que o atravessamos, percebemos de imediato que é uma realidade cultural muito diferente a que nos espera. São detalhes que fazem toda a diferença. Os pauzinhos substituem o garfo e a faca. O prato cedeu o lugar à 'malga'. Vejo montras com produtos que desconheço. Ouço sons que não entendo. No ar há uma mistura de odores fortes. É doce mas há mais qualquer coisa que não consigo identificar.

Bem vindos à Chinatown

Letreiros bilingues por todo o lado

Loja chinesa em Dixon Street

Por aqui come-se com pauzinhos

Passo à porta do n.º 84 e descubro que Kwong Wah Chong tem a fachada mais antiga de toda a Chinatown. Construída em 1912, depois dos imigrantes chineses terem sido autorizados a comprar propriedade privada, manteve-se intacta e em funcionamento até aos dias de hoje. Mesmo em frente, uma padaria chama a minha atenção por causa do letreiro bem luminoso. Entro e descubro armários com gavetas transparentes que guardam pães e bolos, doces e salgados. Etiquetas individuais e bilingues dão nome e preço aos produtos. Sigo o exemplo dos clientes, pego num tabuleiro redondo e numa pega e sirvo-me. Escolho um 'bun' de passas e canela. Um dólar. 

O n.º 84 de Dixon Street

O interior de uma padaria chinesa

As montras

A hora de almoço aproxima-se e a pergunta que se impõe é: o que escolher? A gastronomia chinesa está em maior número mas não está sozinha. Tailândia, Malásia, Taiwan, Hong Kong, Filipinas, Japão têm dignos representantes. Os menús são, naturalmente, bilingues mas também ilustrados. É que mesmo com a descrição em inglês, pode haver grandes confusões e mais vale jogar pelo seguro. Depois de um pequena investigação, o eleito foi o Old Town Hong Kong Cuisine. O bom de termos companhia é podermos pedir vários pratos e experimentar um pouco de cada. Para a mesa vieram Peking duck steamed buns, dumplings de porco e legumes e dumplings de camarão e porco. Todos cozinhados ao vapor. Os primeiros são uma espécie de mini panquequas dobradas ao meio e recheadas com pato e legumes. Adorei! Quando dei a primeira trinca pensei por momentos que estava a comer leitão (não se riam), porque a pele estava super estaladiça. Tinha um molho agridoce óptimo. Os dumplings são pequenos embrulhos em massa de arroz, muito fina, com recheios. Os nomes técnicos dos dumplings variam de acordo com a técnica de embrulho. Acho que escolhemos bem e recomendo.

Buns com pato de Pequim cozinhado ao vapor

Dumplings de porco e legumes

Dumplings de camarão e porco

Deixei Dixon Street e continuo o passeio agora pelas ruas e ruelas à volta. Caracteres chineses para onde quer que olhe.

Lojas e mais lojas

Made in China

A 'nossa loja dos chineses'

Filial do Banco da China

Dois mundos, dois países, duas culturas. Os símbolos dessa mistura e dessa união, acho que o posso dizer, encontram-se quando menos se espera. Seja num monumento que recorda aqueles que morreram ao serviço da pátria ou numa peça artística oferecida pela cidade à comunidade local. Achei engraçada a interpretação da Golden Water Mouth, que por aqui é mais conhecida como Golden Tree. Da autoria do artista Lin Pin, a escultura foi feita a partir de um tronco de eucalipto com mais de 200 anos e incorpora os 5 elementos naturais (ouro, madeira, água, fogo e terra), ilustrando a união das duas culturas de uma forma harmoniosa (Ying Yang). Dizem que atrai boa sorte e energias positivas. 

Homenagem aos ex-combatentes australianos de origem chinesa

Golden tree (Árvore dourada)

Antes das despedidas, dou uma olhadela ao mapa e às minhas anotações para ver se não me escapou nada. Por hoje está tudo mas o regresso tem data marcada. Todas as Sextas-feiras há mercado nocturno na Chinatown...

See you soon!

1 comentário:

  1. Eu, que não amo comida chinesa, fiquei com vontade de provar...
    Como falas-te em leitão, visualmente a pele do pato, tem semelhanças com a pele estaladiça do leitão... Mas leitão, é leitão e não é pato!
    Será que essas iguarias também se encontram por cá em alguns restaurante chinês?

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