Há dias em que não nos apetece fazer nada. Domingo acordei assim... Sem grande vontade de sair, passear mas o sol brilhava, o céu estava azul e o apelo do exterior acabou por ser mais forte. Não aproveitar o momento seria um desperdício de tempo. Ainda há tanto para ver e descobrir em Sydney que não podia dar-me a esse luxo.
Precisava de agitação, movimento... Não tive dúvidas quanto ao destino - The Rocks. Bem no centro da cidade, é provavelmente a zona com mais história e, simultaneamente, mais turistas por metro quadrado. A três passos da estação de Circular Quay, fica na margem esquerda do Sydney Harbour, de frente para a Ópera de Sydney. Mesmo ao lado, a Harbour Bridge.
Os aborígenes foram os primeiros a habitar a área e por ali permaneceram até à chegada dos colonos. Aliás, foi pouco tempo depois da criação da colónia penal, em 1788, que The Rocks surgiu. O porto trouxe o esperado crescimento à então localidade. No século XX, com a deslocação das pessoas para outras zonas, The Rocks perdeu o a hegemonia de outros tempos. Nos anos 70, o governo quis remodelar a zona, demolindo os edifícios antigos e realojando os habitantes. A comunidade local opôs-se de forma vigorosa, com protestos e bloqueios. Depois de um longo braço de ferro, alcançou-se um compromisso que visava a preservação e recuperação arquitectónica. Hoje The Rocks tornou-se um ponto de interesse para todos os que passam por Sydney. Podemos visitar o passado, explorar museus e galerias, frequentar restaurantes, ver as vistas, fazer compras nos mercados ou em lojas de marca.
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Construído em 1816, é um dos últimos edifícios que restam dos primeiros tempos da colónia |
Era dia de mercado - The Rocks Markets , que por estas bandas tem lugar à Sexta-feira (comida) e ao fim-de-semana (roupa, crafts, bijutaria, produtos gourmets). Pequenos quiosques espalhados ao longo de várias ruas, encerradas ao trânsito, dão-nos a conhecer a arte dos seus criadores. Entre as 10h e as 17h, muitos turistas, é verdade, mas também muitos 'aussies' percorrem as bancas sempre atentos. Claro que os cafés e os restaurantes nas imediações estavam 'à pinha'. Fui espreitando aqui e ali, parando quando algo me chamava a atenção. Mais ou menos a meio do mercado, descobri as 'Pulseiras'. O nome despertou-me a curiosidade. Aproximei-me, meti conversa e conheci a Priscila, uma brasileira de São Paulo que está na Austrália há 7 anos e vive em Manly. Já perto do final, novo achado. Jared Leto. É verdade! O actor e vocalista dos Thirty Seconds to Mars, que na véspera tinham actuado cá, também gosta de mercados.
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Mais um mercado para explorar |
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A primeira rua cheia de quiosques |
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Encontramos de tudo um pouco |
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Restaurantes e cafés de um lado, bancas do outro |
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Mais uma rua cheia de movimento |
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A Priscila com as suas Pulseiras |
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Muita gente aproveitou o Domingo para um passeio no mercado |
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A terceira e última rua de bancas |
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Fruta desidratada |
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Vinagres, compotas e muesli |
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Só se viam cabeças por todo o lado |
Deixe o mercado para trás e segui viagem até ao passado. The Rocks Discovery Museum foi a paragem que se seguiu. Ao longo de quatro salas, vemos, lemos e ouvimos pedaços de história que nos ajudam a conhecer um pouco melhor o sítio onde nos encontramos.
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The Rocks Discovery Museum |
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A evolução da área ao longo dos tempos |
Mas para mim não há melhor sala de aula do que a rua. Andar sem hora marcada, contemplar a arquitectura que nos rodeia, parar e voltar atrás porque alguma coisa nos chamou a atenção. Perceber o que está por detrás
do nome da rua ou da praça. Saber quem viveu ali. Quase sem darmos por
ela, descobrimos pequenos pormenores que têm uma 'estória' para nos
contar.
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Quando menos esperamos, uma simples parede chama-nos a atenção |
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Os edifícios antigos adaptados aos tempos modernos |
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Uma antiga esquadra de polícia ocupada por um café |
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O luxo também marca presença |
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The Rocks |
E se no meio de tudo isto, ainda 'achamos' uma obra do Vhils, tenho o dia ganho. 'Dissolve' foi criada pelo artista português em 2013.
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Dissolve |
Como habitualmente acontece quando deambulo pelas ruas de uma cidade, começo a andar e esqueço-me que tenho de voltar ao ponto de partida. É só mais esta rua. É só mais este edifício. É sempre só mais alguma coisa... Desta vez foi só mais a Harbour Bridge. Não sei lá bem as voltas que dei mas acabei junto à escadaria que me levava à ponte. Porque não?, pensei. Estou aqui por isso vamos aproveitar. Lá fui eu, a 'fazer figas' para que a bateria da máquina fotográfica aguentasse mais um bocadinho. Aguentou toda a travessia! Agora só me falta a subida da ponte...
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A 'outra' margem da Harbour Bridge |
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Vista da baía de Sydney |
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A Ópera de Sydney, o centro financeiro e The Rocks |
No regresso a Circular Quay ainda houve tempo para uma (re)visita ao Museu de Arte Contemporânea. A Bienal de Syndey arrancou no dia 21 e fui ver as exposições. Definitivamente, o mundo artístico da contemporaneidade não é para mim.
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Dar largas à imaginação |
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Me and myself |
Ah! O dia não terminou sem uma bela chuvada, acompanha de trovoada. Mas desta vez não fui apanhada. Assisti da janela à obra da natureza.
See you soon!
Foi a melhor decisão que tomas-te... deixar a preguiça e a melancolia para descobrir Sidney... e parece que valeu bem a pena pois se o dia tivesse mais horas continuarias a explorar e a contemplar todos os pormenores que se revelassem à tua passagem...
ResponderEliminarContinuo a acompanhar a tua aventura do outro lado do Mundo...
Mais uma vez, obrigada pela partilha...
Beijos