segunda-feira, 31 de março de 2014

The Rocks

Há dias em que não nos apetece fazer nada. Domingo acordei assim... Sem grande vontade de sair, passear mas o sol brilhava, o céu estava azul e o apelo do exterior acabou por ser mais forte. Não aproveitar o momento seria um desperdício de tempo. Ainda há tanto para ver e descobrir em Sydney que não podia dar-me a esse luxo.
Precisava de agitação, movimento... Não tive dúvidas quanto ao destino - The Rocks. Bem no centro da cidade, é provavelmente a zona com mais história e, simultaneamente, mais turistas por metro quadrado. A três passos da estação de Circular Quay, fica na margem esquerda do Sydney Harbour, de frente para a Ópera de Sydney. Mesmo ao lado, a Harbour Bridge. 
Os aborígenes foram os primeiros a habitar a área e por ali permaneceram até à chegada dos colonos. Aliás, foi pouco tempo depois da criação da colónia penal, em 1788, que The Rocks surgiu. O porto trouxe o esperado crescimento à então localidade. No século XX, com a deslocação das pessoas para outras zonas, The Rocks perdeu o a hegemonia de outros tempos. Nos anos 70, o governo quis remodelar a zona, demolindo os edifícios antigos e realojando os habitantes. A comunidade local opôs-se de forma vigorosa, com protestos e bloqueios. Depois de um longo braço de ferro, alcançou-se um compromisso que visava a preservação e recuperação arquitectónica. Hoje The Rocks tornou-se um ponto de interesse para todos os que passam por Sydney. Podemos visitar o passado, explorar museus e galerias, frequentar restaurantes, ver as vistas, fazer compras nos mercados ou em lojas de marca.

Construído em 1816, é um dos últimos edifícios que restam dos primeiros tempos da colónia

Era dia de mercado - The Rocks Markets , que por estas bandas tem lugar à Sexta-feira (comida) e ao fim-de-semana (roupa, crafts, bijutaria, produtos gourmets). Pequenos quiosques espalhados ao longo de várias ruas, encerradas ao trânsito, dão-nos a conhecer a arte dos seus criadores. Entre as 10h e as 17h, muitos turistas, é verdade, mas também muitos 'aussies' percorrem as bancas sempre atentos. Claro que os cafés e os restaurantes nas imediações estavam 'à pinha'. Fui espreitando aqui e ali, parando quando algo me chamava a atenção. Mais ou menos a meio do mercado, descobri as 'Pulseiras'. O nome despertou-me a curiosidade. Aproximei-me, meti conversa e conheci a Priscila, uma brasileira de São Paulo que está na Austrália há 7 anos e vive em Manly. Já perto do final, novo achado. Jared Leto. É verdade! O actor e  vocalista dos Thirty Seconds to Mars, que na véspera tinham actuado cá, também gosta de mercados. 

Mais um mercado para explorar

A primeira rua cheia de quiosques

Encontramos de tudo um pouco

Restaurantes e cafés de um lado, bancas do outro

Mais uma rua cheia de movimento

A Priscila com as suas Pulseiras

Muita gente aproveitou o Domingo para um passeio no mercado


A terceira e última rua de bancas

Fruta desidratada

Vinagres, compotas e muesli
Só se viam cabeças por todo o lado

Deixe o mercado para trás e segui viagem até ao passado. The Rocks Discovery Museum foi a paragem que se seguiu.  Ao longo de quatro salas, vemos, lemos e ouvimos pedaços de história que nos ajudam a conhecer um pouco melhor o sítio onde nos encontramos. 

The Rocks Discovery Museum

A evolução da área ao longo dos tempos

Mas para mim não há melhor sala de aula do que a rua. Andar sem hora marcada, contemplar a arquitectura que nos rodeia, parar e voltar atrás porque alguma coisa nos chamou a atenção. Perceber o que está por detrás do nome da rua ou da praça. Saber quem viveu ali. Quase sem darmos por ela, descobrimos pequenos pormenores que têm uma 'estória' para nos contar.

Quando menos esperamos, uma simples parede chama-nos a atenção

Os edifícios antigos adaptados aos tempos modernos

Uma antiga esquadra de polícia ocupada por um café

O luxo também marca presença

The Rocks

E se no meio de tudo isto, ainda 'achamos' uma obra do Vhils, tenho o dia ganho. 'Dissolve' foi criada pelo artista português em 2013.  

Dissolve

Como habitualmente acontece quando deambulo pelas ruas de uma cidade, começo a andar e esqueço-me que tenho de voltar ao ponto de partida. É só mais esta rua. É só mais este edifício. É sempre só mais alguma coisa... Desta vez foi só mais a Harbour Bridge. Não sei lá bem as voltas que dei mas acabei junto à escadaria que me levava à ponte. Porque não?, pensei. Estou aqui por isso vamos aproveitar. Lá fui eu, a 'fazer figas' para que a bateria da máquina fotográfica aguentasse mais um bocadinho. Aguentou toda a travessia! Agora só me falta a subida da ponte...

A 'outra' margem da Harbour Bridge

Vista da baía de Sydney

A Ópera de Sydney, o centro financeiro e The Rocks

No regresso a Circular Quay ainda houve tempo para uma (re)visita ao Museu de Arte Contemporânea. A Bienal de Syndey arrancou no dia 21 e fui ver as exposições. Definitivamente, o mundo artístico da contemporaneidade não é para mim.

Dar largas à imaginação

Me and myself

Ah! O dia não terminou sem uma bela chuvada, acompanha de trovoada. Mas desta vez não fui apanhada. Assisti da janela à obra da natureza. 

See you soon! 

1 comentário:

  1. Foi a melhor decisão que tomas-te... deixar a preguiça e a melancolia para descobrir Sidney... e parece que valeu bem a pena pois se o dia tivesse mais horas continuarias a explorar e a contemplar todos os pormenores que se revelassem à tua passagem...
    Continuo a acompanhar a tua aventura do outro lado do Mundo...
    Mais uma vez, obrigada pela partilha...
    Beijos

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